terça-feira, 20 de maio de 2014

Não vai ter copa?

A Copa no Brasil, como era de se esperar, foi uma desculpa para que houvesse obras superfaturadas e que não cumprissem todas as melhorias acordadas relacionadas ao transporte público. Torraram grande parte do dinheiro que poderia ser mais bem empregado para a população. Nas Olimpíadas acontecerá a mesma coisa, todo mundo sabe. É triste constatar que a corrupção virou regra e não exceção no nosso país, não nos surpreendemos quando algo deste tipo acontece.

Ano passado houve grande movimento de protesto que se iniciou com as tarifas de ônibus e se estenderam pra Copa do Mundo e tudo o que havia de errado no Brasil. Deixou de ter um foco e virou uma modinha sair, protestar, depredar e roubar. Era uma verdadeira zona de guerra no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Diziam “não é apenas por 20 centavos”. O governo recuou do aumento, transferindo o gasto para outros serviços públicos e o gigante voltou a dormir. Era sim pelos vinte centavos.

Agora próximo à Copa do Mundo começaram a falar de novo em protestos para aproveitar o grande evento como chamariz. Agora começaram a gritar “não vai ter copa”. Sinceramente, pra que? Já provaram que em matéria de ideologia é um zero a esquerda. Se fossem engajados mesmo, teriam selecionado pautas para reivindicações e continuado nas caminhadas de protestos que tinham iniciado. Ficaram um ano dormindo e agora vão voltar para aproveitar politicamente do grande evento.

Se eles fossem realmente contra a copa, porque não começaram a protestar sete anos atrás quando o Brasil foi escolhido para os jogos? A hora ideal seria exatamente aquela, quando ainda não havíamos gasto nada e ainda dava tempo de transferir para outro país melhor preparado. Eu queria ter uma copa no Brasil porque gosto de futebol e sempre sonhei em assistir os jogos do mundial, mas ao mesmo tempo também não queria por saber que os corruptos iriam aproveitar e roubar mais ainda, o que de fato aconteceu. Mas agora, a um mês do início, com todas as obras feitas, com todo o dinheiro gasto, já era. O prejuízo já foi feito, basta aproveitar o evento. Pra que iniciar apenas agora um movimento de “não vai ter copa” quando sabemos que vai sim ter copa. Onde vocês protestantes estavam quando todas as decisões estavam sendo tomadas? Dormindo provavelmente.

Pra mim esses protestos são puramente políticos. Claro que no meio da massa acabam aparecendo gente de bem que se entusiasma com o espírito de querer uma mudança no país. Eu mesmo me animei nas caminhadas “pacíficas” que aconteceram em 2013 achando que finalmente o gigante havia acordado, claro que nada aconteceu após isto. Quer protestar contra o preço da passagem, contra a situação da saúde, do dinheiro gasto indiscriminadamente na Copa? Beleza. Temos todo o direito de fazer isto. Mas acho que o futebol não tem nada a ver com isso. É um evento esportivo que eu gosto de assistir, não sou um alienado. Quem critica costuma dizer que o povo vê a seleção ganhar e esquece dos reais problemas do país. Eu não.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Beatles - Please Please Me

Tudo o que conheço dos Beatles de termos musicais são as coletâneas e as principais músicas mesmo, nunca me aprofundei muito no material. Sempre ouvi falar sobre a evolução do seu som e das composições de Lennon/McCartney, então resolvi ouvir suas músicas em ordem cronológica e conhecer as músicas mais obscuras que muitas vezes são melhores que as famosas.

Claro que eu sei que os Beatles foram a boyband dos anos 60 assim como muitas bandas condenáveis são hoje em dia, com a diferença é que eles tinham talento. A forma de apresentação era pra conquistar a atenção da mulherada mesmo, mas desta vez prestei atenção nas músicas e fiquei impressionado. Absolutamente todas as músicas falam de amor, de um cara apaixonado por uma mulher e de que foi chutão e que está chorando, resumindo um disco bem grudento nas letras apesar de ser rock.

O que traz uma discussão que tive com uma amiga sobre como avaliamos se uma banda é boa ou não criticando suas letras. Às vezes falamos mal de bandas brasileiras de Axé ou samba em que as letras só falam de amor e estar apaixonado, mas esquecemos que outras bandas consideradas boas falam da mesma coisa em tempos diferentes. O problema se resume ao gosto musical e cada um e não que uma é melhor que a outra. É por causa dessas músicas que vemos porque eles viraram febre na época e as mulheres gritavam em seus shows.

Já as melodias são boas, mas elas têm aquela roupagem dos anos 50/60 e os Beatles foram influenciados por cantores norte-americanos de blues e rock. As músicas têm aquela roupagem da época e por causa da limitação do vinil, nenhuma das 14 músicas tem mais de 2 minutos de duração, feita para se tocar no rádio, coisa rápida.

Outro detalhe interessante é a utilização de músicas de outros compositores, covers. Metade do álbum não foram eles que compuseram. Entretanto as músicas estão bem próximas de suas canções originais. Dessas a melhor é Twist and Shout, que foi eternizada no filme “Curtindo a vida adoidado”.

“Misery” é o tipo de música de corno, pra chorar por nada dar certo com o cara. Se fosse traduzida pro português, poderia muito bem ser adaptada para uma dupla sertaneja. Na verdade tem muito a ver com meu estado de espírito agora. “Anna” é legal para mandar para uma amiga que se chama Ana. Gosto de músicas que tem uma cadencia mais lenta, diferente das outras mais rapidinhas. As melhores do disco, em minha opinião, são essas duas que citei mais a Twist and Shout e A Taste of Honey, que é uma levada bem diferente de todo o resto do disco. Das quatro que eu mais gostei, 3 são covers de outras bandas e uma o John Lennon tinham composto pra dar pra cantora Helen Shapiro, que recusou. Até agora não conheci realmente os Beatles de verdade.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Guerra dos Sexos

Hoje em dia anda tendo um debate sobre a liberdade da mulher na sociedade e de como o mundo é machista e tal. Incomoda-me, pois os debates geralmente são tendenciosos para o publico do qual eles fazem parte e vão defender seu lado custe o que custar. Eu acho os homens e mulheres mais parecidos do que as pessoas acham que são, a começar do lado biológico.

Nós nascemos iguais desde a concepção até em meados de 3 meses, quando o bebe começa a tomar forma do sexo ao qual vai se desenvolver. Assisti a um documentário no Discovery channel em que mostra como o sexo vai tomando forma. É uma coisa muito curiosa pois o formato do sexo é o mesmo. Onde fica a vulva se fecha e ele vai para fora se tornando o pênis do menino. E no caso da mulher, o penis vai pra dentro se tornando o clitóris. A diferença entre os dois seres é apenas um detalhe. Claro que tem outras modificações no corpo, mas basicamente é isso que nos faz diferente, praticamente nada.

Já no lado comportamental, acredito que nosso jeito de ser provém de duas fontes: uma que já vem conosco de nascença e outra que é ensinada pela sociedade. A sociedade impõe a nós um comportamento aceitável que ela quer que adotemos. Se formos diferentes, ela nos lembrará diariamente que estamos nos desviando da conduta esperada. Digo sociedade como todo mundo. Tanto o homem quanto a mulher querem que as mulheres sejam de determinada forma. E vice-versa. Ambos esperam que o homem adote outro tipo de comportamento. Então o jeito da mulher ser diferente do homem é muito influenciado pelo ambiente ao qual você vive. Se não houvesse interferência externa, seríamos mais parecidos entre si.

Hoje eu estava lendo um texto sobre Wicca e as palavras agridem meus olhos. Do mesmo jeito que fomos criados nestas religiões soberanas patriarcais em que o homem é quem manda, a Wicca mostra o lado inverso, uma sociedade matriarcal onde a mulher é quem manda. Na minha concepção, ambos errados. Em um mundo perfeito, que nunca existirá, todos poderiam adotar o comportamento que quisessem e seriam livres para fazer o que bem entendesse desde que não interferisse no modo de vida do outro cidadão.

É por isso que quando há discussão sobre o papel do homem ou o papel da mulher na sociedade, eu me desinteresso sobre o assunto. Começa uma discussão de que a mulher é importante por causa de alguma coisa ou que o homem tem que ser o responsável por outras coisas. Pra mim não se deve separar por sexo, deveríamos discutir o papel do indivíduo, do ser humano na sociedade, independente de qual posição social ocupe.

sábado, 3 de maio de 2014

Jogador número 1

É um livro futurista distópico que usa muitos elementos de realidade virtual como Ghost in the Shell, Matrix ou mesmo Neuromancer. O ano é 2044 e a sociedade entrou em colapso, crise social onde grande parte dos cidadãos não tem alternativas para sobreviver. Como toda boa ficção, é apenas uma exacerbação da nossa própria sociedade atual, exagerada em alguns pontos para mostrar aonde podemos chegar caso soluções não sejam desenvolvidas desde já para evitar este estilo de vida degradado. Gostei muito da construção deste universo alternativo. A comunidade mais pobre, no livro, viverá em grandes favelas feitas através do empilhamento de trailers em grandes andaimes. Será um mundo sem lei onde todos estarão conectados a um sistema online de realidade virtual chamado OASIS, que é uma alternativa para escapar de um mundo real horrível.

O OASIS é o que o Second Life seria se tivesse dado certo. É uma transposição de realidade onde as pessoas usando luvas e óculos especiais podem literalmente viver outra vida mais agradável, com um nível de sensibilidade beirando ao real. Exceto para necessidades básicas do corpo físico como comer, dormir ou defecar, todos estarão online para viver. O personagem principal, Wade ou Parcival, estuda em uma escola virtual no OASIS, o que achei uma ótima idéia para nosso mundo real já que universaliza o estudo e o conhecimento à todos como a internet tenta fazer hoje em dia através de Wikipédia e vídeos de aulas auto-instrucionais.

O criador deste mundo é James Halliday, uma espécie de Steve Jobs do livro que vem a falecer e não tem herdeiros. Então é divulgado um vídeo onde ele ativa um concurso para herdar o controle total do OASIS e mais sua fortuna de USD 240 bilhões. O concurso é como se fosse um jogo online para localizar três chaves escondidas na simulação. E o tema que mais Halliday gosta é o universo dos anos 80, onde viveu sua infância. Então todos os jogadores e nós leitores embarcamos num estudo da cultura pop da década de 80 para tentar decodificar pistas para encontrarmos juntos as chaves. Para quem viveu uma parte dos anos 80 o livro é uma delícia, pois relembra muitas coisas das quais já vimos e gostamos, ativando uma nostalgia daquela época. Talvez quem não conheça este período pode não aproveitar a história em sua plenitude. Músicas e filmes dos anos 80 são usados nas quests, mas basicamente a história usa os jogos como base. Eu não sou muito fã de games, apesar de ter jogado muito na minha infância, mas mesmo assim gostei.

A experiência do leitor depende muito do grau de envolvimento que desenvolve com a história. Se você embarcar no universo criado, vai se divertir muito com o cenário pós apocalíptico criado. Se não, vai achar uma grande galhofa de história repetida já vista com outros cenários. É preciso certa abstração, uma imersão na história, uma suspensão de descrença para que a leitura seja prazerosa. Apesar de várias referências a livros mais inteligentes, a história é feita para o público teen, um tipo de Percy Jackson para gamers. Então aquele leitor mais xiita que gosta de coisas mais complexas não vai se conectar muito aos personagens que são quase todos crianças e adolescentes.